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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Para endossar, com um pouquinho de atraso, mas não com menos sentimento, as palavras do meu pai e da minha irmã nesse momento, quero dizer algumas, minhas:

Foi com lágrimas nos olhos que hoje, finalmente, me caiu a ficha: 
O Mpb-4, então, não é eterno. 

Conclusão dura pro jovem-adulto. Que tenta agora, de algum jeito, entender a vida, e entender "a lei natural das coisas"; e que tenta aprender c
om a morte, e tenta ser racional, e ver que é assim mesmo, "que a vida segue".
E que, até, em parte, com esforço, consegue: ser forte, ser racional. Sem ser frio.
O jovem-adulto entende, e sente, e aprende.

Mas como explicar ao menino, que ainda há? Como explicar ao menino que assistia aos shows do pai e dos "tios", bebendo guaraná, e cantando, cheio de orgulho, cada uma das músicas? Como explicar ao menino que dormia por sobre a mesa, antes do fim do show, e que, dormindo, sonhava, e vagava, brincando por dentro das músicas, que seguiam sendo cantadas no palco, indiferentes ao sono do menino, com a emoção e o sentimento que só o Mpb-4 consegue transmitir?

- Onde foi o Magro? - perguntou a mim, o menino, pouco antes de perder a batalha pro sono, já quase no fim do show.
- Certamente que ao camarim, e já volta... - respondi, em voz baixa e vacilante, encabulado pelo olhar atento, sério e brilhante do sonolento menino.

Não pude dizer. Não consegui.
Preferi deixa-lo crer que já volta o Magro.
E que tudo será como sempre foi.

Assim, agora, sempre que sonhar, seja dormindo ou cantando, o menino viverá, em mim.
E, no palco, estará o Magro do Mpb-4, cantando ao lado dos seus companheiros de tão longa e bela estrada.
Exatamente como deve ser.

Pai, é assim que eu vou lembrar do Magro. Atrás do teclado, cantando com você. Escolhi isso assim mesmo, conscientemente. Prefiro nesse momento ser somente aquele menino, que teve não só o Aquiles, mas o Mpb-4 todo, e muitos dos grandes compositores e músicos do nosso país, como formadores.

Essa é minha história, pai.
Minha, sua, dos meus irmãos, da minha mãe, da minha vó, de toda nossa família...
Essa é a nossa história. Muito obrigado por tê-la banhado em tão boa música.

Antes que o sono me leve, um último gole no guaraná, e, de olhos fechados e ouvidos abertos, embarco num sonho de menino, com toda e cada uma das músicas que me fizeram quem eu sou hoje.

Obrigado, Magro. Obrigado, pai. Muito obrigado ao Mpb-4.
Que, no que depender de mim, viverá para sempre.
Na voz da música de um país inteiro, que perde um de seus grandes maestros, mas que viverá pra sempre no canto de muitos e especialmente no do Mpb-4, que, com a força que tem, há de cantar mais forte ainda agora.
Certeza de menino. Pode crer.

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