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quarta-feira, 5 de março de 2014
Des-envolvimento
Os bodes e onças me acordaram
Loucura de alguém distante
Talvez por macumba antiga
Talvez por ignorância
Debaixo dos tapetes
Da grande barca azul
Ninguém mais vê
Nossa voz cansada, esquecida, aflita
Misturada à dessa gente que grita
Gente sem nome, sem meio, sem fim
Me sinto bem,
Comigo, assim
Gente louca!
Que vive
Que ama e corre pelas escadas
Que perde
Que anda e morre pelas calçadas
Que escorre das mãos nossas,
Desleixadas
Gente que vive pra morrer depois, e mais!
Gente que não perde tempo,
Que não volta atrás.
Gente que pula das pontes,
Que derruba as muralhas
Daqui e da china
Homem, moço, menino, menina
Gente, gente
Que falta me faz
Quanto medo de mim
Há no meu medo de vós?
Quanta distância nos cafés da manhã
Nos elevadores da gente toda, sã
Em cada frase dos jornais
Em cada conta de luz, de gás
Em cada tiro por paz
Ah, deus, por deus
Quanta loucura há nos normais!
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