Na Bahia em que mora o mar, minha saudade, meu canto, minha voz. Sem alarde me inspirei e em sorriso me fiz, sorriso feito de Bahia, de saudade, de alegria... Ah, me deu vontade, deu vontade de voltar... Ah, Bahia, que saudade, que vontade de chorar!
Sorriso de mil meninos
São como os de lá, aqui.
Brincam, correm,
Riem, choram.
São como os de lá, aqui.
Têm, na pele, cor de madeira boa,
E, no sorriso, a brancura maior da paz.
São como os de lá, aqui.
Mesmas roupas, cordão prateado no peito,
E mãos que vão cheias, transbordando escassez.
Meninos têm tantos por cá,
Têm tantos por lá
Têm tantos por aí
Ao de cá, não pude deixar de pensar: vai lá não, menino, fica aqui! No teu canto de paraíso, que esse teu lindo sorriso só se retribui em abraço e não merece fraquejar. Vai lá não, menino, fica aqui... Burros, hão de confundi-lo, menino. Burros! Sabem não. Que coração não se faz de cor nem dinheiro, e que o medo é o que sufoca o sono deles quando se vão deitar.
Sabem não, menino.
Leram tanto, estudaram tanto, discutiram tanto...
Mas aprenderam não, menino...
Queira ser como eles não, que vão de mal a pior!
Sortudos os que vierem conhecê-los, menino, aqui.
Os que vierem aprender vivendo.
Os que nas águas quentes que te são lar puderem mergulhar.
Os que num abraço de olhos fechados, coração e braços abertos, lhe puderem retribuir a paz em que esse teu imenso sorriso fez morada.
Me banho nesse mar de águas quentes onde minha saudade veio morar... "É doce morrer no mar..." Mar quente que re-conheço, dos sonhos, das noites turbulentas, ondas de lágrimas a me balançar... "é doce morrer no mar, nas águas verdes do mar"...
Mar quente, calmo, transparente... Sorriso de mil meninos, sejam daqui, sejam de lá. Sorriso mariano, levo eu daqui pra lá, mariana alegria, de ver o sol nascido e posto, todo dia, pronto pra recomeçar. Só mesmo um mar como o daqui tem sorriso suficiente pra ser berço ao teu repouso, minha alegria. Fica em paz...
Sabem não, menino... Que brincando de mar, brincando de ser feliz sozinho, ensinas ao mundo, assim, devagarzinho, de boa, na sua, que muito mais vale um abraço sorridente de madeira e paz, dado de graça, e retribuído, assim, meio sem graça, do que tudo que se pode vir a ter ou ganhar.
Vive em paz, menino, no teu canto de paraíso. Que eu, em breve, volto pra lá, com o que puder levar, dos sorrisos, desse mar, da paz, do abraço, da saudade, e da vontade de voltar.
Quanto a eles, liga não... Ainda lhes falta muito o que estudar.
25/01/2012
Escrito em Moreré - Bahia, terra de um Paulinho, nesse país de tantos outros.
Incrivelmente lindo!
ResponderExcluirIsabel Noleto